Fábula extraída do livro A Doutrina de Buda (GAUTAMA, 2011): "Um homem que vivia perto de um
cemitério, uma noite, ouviu uma voz que o chamava de uma sepultura. Sendo
tímido demais para, sozinho, investigar o que se passava, confiou o ocorrido a
um corajoso amigo que, após estudar o local de onde saíra a voz, resolveu vir,
à noite, para ver o que acontecia.
Anoiteceu. Enquanto o tímido tremulava
de medo, seu amigo foi ao cemitério e ouviu a mesma voz saindo de uma
sepultura. O amigo perguntou-lhe quem era e o que desejava. A voz, vinda de
baixo, respondeu: 'Sou um tesouro oculto e decidi dar-me a alguém. Eu me
ofereci a um homem ontem à noite, mas ele era tão medroso que não me veio
buscar, por isso dou-me a você que é merecedor. Amanhã de manhã, irei a sua
casa com meus sete seguidores'.
O amigo disse: 'Estarei esperando
por você, mas, por favor, diga-me como devo tratá-los'. A voz replicou: 'Iremos vestidos de monge. Tenha uma sala pronta para nós, com água; lave
o corpo, limpe a sala e tenha cadeiras e oito tigelas de sopa. Após a refeição,
você deverá conduzir cada um de nós a um quarto fechado, no qual nos
transformaremos em potes cheios de ouro'.
Na manhã seguinte, o homem lavou o
corpo e limpou a sala, como lhe fora ordenado, e ficou à espera dos oito
monges. À hora aprazada, eles apareceram, sendo cortesmente recebidos pelo
homem. Depois que tomaram a sopa, ele os conduziu um por um ao quarto fechado,
onde cada monge se transformou em um pote cheio de ouro.
Um homem muito ganancioso que vivia
nesta mesma aldeia, ao tomar conhecimento do incidente, desejou ter os potes de
ouro. Para tanto, convidou oito monges para virem até a sua casa. Depois que
eles tomaram a refeição, o ganancioso, esperando obter o almejado ouro,
conduziu-os a um quarto fechado, mas, em vez de se transformarem em potes de
ouro, os monges se enfureceram e denunciaram o ganancioso à polícia que o
prendeu.
Quanto ao tímido, quando ouviu que a
voz da sepultura havia trazido riqueza ao seu corajoso amigo, foi até a casa
dele e avidamente lhe pediu o ouro, insistindo que era seu, porque a voz foi
dirigida primeiramente a ele. Quando o medroso tentou pegar os potes, neles
encontrou apenas cobras, erguendo as cabeças prontas para atacá-lo.
O rei, tomando conhecimento desse
fato, determinou que os potes pertenciam ao corajoso homem, e proferiu a
seguinte observação: 'Assim se passa com tudo nesse mundo. Os tolos
cobiçam apenas os bons resultados, mas são tímidos demais para procurá-los, e
por isso, estão continuamente falhando. Não têm fé nem coragem para enfrentar
as intestinas lutas da mente, com as quais, exclusivamente, pode-se atingir a
verdadeira paz e harmonia'".
Referência
GAUTAMA, S. A Doutrina de Buda. Tradução de
Jorge Anzai. São Paulo: Martin Claret, 2011. p. 102-103.
Um comentário:
muito bom , faz com que pensemos melhor nossas atitudes diante da vida
a inveja mata assim com a falta de coragem para enfrentar os problemas de nossa vida.parabéns.
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