segunda-feira, 25 de junho de 2012

Eleições 2012, eu quero acreditar que nós podemos ser mais dessa vez!

Afastadas todas as premissas éticas, quando analisamos o fenômeno de compra e venda de votos a partir do prisma meramente econômico, concluímos, pela lei da oferta e da procura, que sempre haverá mais eleitores disponíveis a vender seus votos do que candidatos dispostos/capazes de pagar por eles. O que explica o valor médio e irrisório de R$ 50,00 para um voto, sem muita tendência de valorização dessa cotação no mercado negro.

Incluídas todas as premissas éticas, quando analisamos a venda de um voto, que tem consequências sociais, econômicas, culturais e políticas ao longo de 4 anos, por míseros R$ 50,00, concluímos que estamos diante de uma atrocidade social somente equiparável à tragédia da miséria/ambição/alienação que fragiliza a consciência de quem se predispõe ao ato de compra/venda em questão.

Ou seja, quando falamos em compra e venda de votos, permaneçam certos de uma coisa, estamos lidando com miseráveis de dois tipos, quais sejam: 1) O político miserável de princípios e valores que demonstra desacreditar da democracia ao feri-la de morte comprando votos de pessoas fragilizadas por determinadas circunstâncias sociais e 2) O semicidadão que desconhece sua capacidade de mobilização social e/ou encontra-se alienado pela miséria ou por interesses econômicos escusos.

De toda sorte, são dois tipos sociais produzidos pela falta de um projeto de cidade, estado e/ou país. Em nosso caso, estamos tentando tratar das Eleições em âmbito municipal, especificamente em relação à cidade de União dos Palmares. Nesse sentido, pergunta-se: Temos em mente e em vista algum projeto de cidade? De como queremos União dos Palmares daqui a 20, 30, 40 ou 50 anos? Temos políticos preocupados em nos apresentar tais perspectivas? E o pior, acreditamos que alguma liderança política local seja capaz de elaborar um projeto desses ao mesmo tempo em que atende as demandas sociais a curto prazo?

Encontrar um NÃO redundante e maiúsculo a todas essas questões pode nos ajudar a entender os motivos não declarados de quem compra/vende votos: eles não acreditam no futuro e nem têm projetos para tanto, em contrapartida, seguem vivendo, em razão disso, o imediatismo que os R$ 50,00 lhes proporcionam (4 anos no poder para o político e o pagamento de uma conta de luz/churrasquinho no quintal/pintura da casa/saco de cimento/alguns tijolos para o eleitor). No final das contas, é como se o político comprasse ouro a preço de bananas e o eleitor vendesse, ou melhor, doasse a sua alma/consciência ao diabo.

Charge de ©SFlávio disponível em http://asleyravel.blogspot.com.br/.

De fato, acabei de esboçar um cenário um tanto quanto pessimista e a esta altura deve haver quem já tenha se perguntado por onde anda a esperança que destinei ao título deste artigo. Sendo assim, passarei a expor porque eu quero acreditar que nós podemos ser mais dessa vez, nas Eleições 2012!

Alguma coisa mudou em nossa sociedade e continua mudando, todos nós sentimos isso, mas ainda não somos capazes de nomear esse processo nem mesmo de endereçar qual seja a sua origem exata. Mas alguns se arriscam a citar o exercício do poder que as novas tecnologias, tais como as redes sociais, têm permitido às pessoas interessadas no bem-estar social como uma dessas mudanças que estamos tateando no ar. Sem dúvida nenhuma, atualmente existem mecanismos para um controle social mais acirrado de fenômenos como a compra/venda de votos e os políticos miseráveis de que falei acima estão sujeitos a verem a sua desgraça em rede nacional através das imagens borradas de píxeis de algum celular.

Outra base para a minha esperança é o surgimento de novas lideranças políticas, uma juventude que tem exibido genuíno interesse e compromisso com a realidade social de nosso município e que vem mostrando a sua cara e voz em espaços democráticos como este blog mesmo, entre outros.

Por outro lado, também existe um fator objetivo em jogo e que tem contribuído para a estruturação mínima da dignidade no seio de muitas famílias brasileiras: o Bolsa Família. Há quem considere programas de transferência de renda uma política pública viciada, pois estaria a serviço da manutenção de interesses políticos. Eu considero exatamente o contrário. Enxergo na renda mínima que famílias pobres recebem justamente o caminho inicial para se verem livres do julgo e da influência de coronéis locais. Obviamente, estas famílias não estão, pelo simples fato de receberem benefícios do Bolsa Família, imunes à coerção da compra/venda de votos; contudo, estão um pouco menos fragilizadas, o que é certamente um consenso.

É na fragilidade, pois, que reside a oportunidade do político miserável. Ele entende de miséria, fomentando-a como mecanismo de perpetuação de si mesmo. Por fim, eu só posso afirmar que não compactuo com essa engrenagem, não vendo o meu voto, pois acredito e muito no futuro!

quinta-feira, 21 de junho de 2012

"... No vácuo de um quarto..."

Desde a janela do meu quarto.
O verso acima não está inteiro, as reticências evidenciam o fato. Quem ouvir a música Longe, de Marcelo Jeneci, poderá constatar o começo e o fim sem fim do verso citado. Mas o que interessa no momento é somente a imagem de um quarto. Quatro paredes e, eventualmente, uma janela.

Estando em um quarto com janela a gente de alguma maneira se livra da prisão imposta pelas circunstâncias ou por si mesmo, Vai Saber? Que todo mundo tem direito a uma janela, direito certo em uma sociedade líquida, com isso eu concordo totalmente, pois elas nos lembram, assim sem querer e sem esforço, que lá fora, talvez longe, existe algo mais... Uma saudade, uma pessoa ou até mesmo um coqueiro insinuante feito aquele fotografado por mim nesta tarde desde a janela do meu Quarto de Dormir. Eu assumo, este texto é um hipertexto de canções. Queiram ouvir, pois, Quarto de Dormir de Arnaldo Antunes e Marcelo Jeneci.

Até aqui, como estamos? Estou Longe em um Quarto de Dormir, tentando lembrar as palavras que usei para te seduzir e vice-versa, quando me dou conta, em tal exercício, que eu não sei dizer o que me uniu, afinal, a você. Aconteceu. E concordo com Marisa Monte que foi melhor assim, muito melhor! Um acontecimento é coisa rara, marca a pele, resta sempre como experiência.

Eis que estou aqui, com uma saudade. É alguma coisa. Especialmente quando sabemos que não é Tão Chic assim ser triste o tempo todo, visto que a vida voa baixinho, tenhamos um amor de carnaval que dure como bem nos aconselha Adriana Calcanhotto em seu sambinha bom. Ah, Vai Saber? também é da Adrix. Para finalizar, os últimos versos desde Longe...

"Não dá mais pra voltar
E eu nem me despedi
Onde é que eu vim parar
Por que eu fiquei tão longe…
Tão longe…"