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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Uma bombinha não dói? O Iraque é mesmo aqui? Sobre coronelismo político e outras ameaças



Se palmarino fosse, tenho certeza que o tropicalista Caetano Veloso cantaria, à luz dos recentes acontecimentos, a seguinte fina ironia:

"O Iraque é aqui... Bomba! Pra balançar isso aqui é bomba! Dói, uma bombinha não dói..."

         Não há contentamento nenhum neste cantar ou em meu texto. Não advogo a favor de A ou B, lamento apenas a radicalização do processo político em União dos Palmares que, infelizmente, nos faz lembrar do velho coronelismo político engendrado na “casa grande” e das ameaças que ele representa para a nossa cidade.
         O gatilho destas considerações é o áudio divulgado pela Gazeta de Alagoas que deixou bem claro os meandros das estratégias de perpetuação do controle sobre a “galinha dos ovos de ouro” [aos desavisados, queira ler o Governo Municipal] da parte dos atuais donos do poder palmarino. Tais diálogos me fizeram pensar irremediavelmente nos ensinamentos de Foucault e no seu compromisso em compreender o meio social em que vivemos enquanto um jogo complexo em busca de poder. De fato, a palavra de ordem é Poder, por isso, irei tratá-la neste texto, assim, no absoluto.
         Obviamente, não condeno a luta pelo Poder em si, pois se trata de algo que surge das relações humanas, sendo uma constante histórica. O que está em discussão são os meios e os fins que não podem mais, em tempos democráticos, serem tão maquiavélicos quanto os que parecem ser os envolvidos no jogo político de União dos Palmares.
         Em primeiro lugar, acredito que, enquanto cidadãos, não exigimos “amores” da parte de ninguém, muito menos de um possível futuro prefeito da cidade. Por outro lado, não aceitamos o desprezo nem o eventual sacrifício de nos governar pura e simplesmente em nome do Poder. Não, não quero pagar uma conta tão alta assim, meu senhor!
         O queremos é o de sempre: saúde, educação, segurança, trabalho e cada vez mais um cuidado atencioso para com o meio ambiente. É isso, nada mais. Não queremos seus atentados, nem os seus favores oftalmológicos [“a gente faz um favor, um óculos”, ouvimos no áudio citado], mas, se for possível, assuma um compromisso, mude de lado, que o velho coronelismo político das porteiras não é capaz de nos oferecer o que realmente necessitamos: um tecido social que nos sirva de base para seguirmos em frente.
         E para finalizar, vejamos as manchetes que motivam este texto. Em 12 de setembro de 2011...

Escândalo: áudio revela negociação de ex-governador para chegar a prefeitura Prefeito diz que deve assegurar interesses e sugere uso da máquina [http://gazetaweb.globo.com/noticia.php?c=322653&e=49]

... E na madrugada do dia seguinte:

Rádio que faz oposição à Prefeitura sofre atentado a bomba em União Dois homens explodiram o prédio nesta madrugada; local está isolado [http://gazetaweb.globo.com/noticia.php?c=322719&e=12]

         A reflexão está posta. Ameaças travestidas de futuro nos assombram. Espero, sinceramente, que você seja capaz de resistir ao jogo de interesses mesquinhos em curso, não se corrompendo, nem condenando a nossa cidade ao atraso.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Eleições 2012, eu quero acreditar que nós podemos ser mais dessa vez!

Afastadas todas as premissas éticas, quando analisamos o fenômeno de compra e venda de votos a partir do prisma meramente econômico, concluímos, pela lei da oferta e da procura, que sempre haverá mais eleitores disponíveis a vender seus votos do que candidatos dispostos/capazes de pagar por eles. O que explica o valor médio e irrisório de R$ 50,00 para um voto, sem muita tendência de valorização dessa cotação no mercado negro.

Incluídas todas as premissas éticas, quando analisamos a venda de um voto, que tem consequências sociais, econômicas, culturais e políticas ao longo de 4 anos, por míseros R$ 50,00, concluímos que estamos diante de uma atrocidade social somente equiparável à tragédia da miséria/ambição/alienação que fragiliza a consciência de quem se predispõe ao ato de compra/venda em questão.

Ou seja, quando falamos em compra e venda de votos, permaneçam certos de uma coisa, estamos lidando com miseráveis de dois tipos, quais sejam: 1) O político miserável de princípios e valores que demonstra desacreditar da democracia ao feri-la de morte comprando votos de pessoas fragilizadas por determinadas circunstâncias sociais e 2) O semicidadão que desconhece sua capacidade de mobilização social e/ou encontra-se alienado pela miséria ou por interesses econômicos escusos.

De toda sorte, são dois tipos sociais produzidos pela falta de um projeto de cidade, estado e/ou país. Em nosso caso, estamos tentando tratar das Eleições em âmbito municipal, especificamente em relação à cidade de União dos Palmares. Nesse sentido, pergunta-se: Temos em mente e em vista algum projeto de cidade? De como queremos União dos Palmares daqui a 20, 30, 40 ou 50 anos? Temos políticos preocupados em nos apresentar tais perspectivas? E o pior, acreditamos que alguma liderança política local seja capaz de elaborar um projeto desses ao mesmo tempo em que atende as demandas sociais a curto prazo?

Encontrar um NÃO redundante e maiúsculo a todas essas questões pode nos ajudar a entender os motivos não declarados de quem compra/vende votos: eles não acreditam no futuro e nem têm projetos para tanto, em contrapartida, seguem vivendo, em razão disso, o imediatismo que os R$ 50,00 lhes proporcionam (4 anos no poder para o político e o pagamento de uma conta de luz/churrasquinho no quintal/pintura da casa/saco de cimento/alguns tijolos para o eleitor). No final das contas, é como se o político comprasse ouro a preço de bananas e o eleitor vendesse, ou melhor, doasse a sua alma/consciência ao diabo.

Charge de ©SFlávio disponível em http://asleyravel.blogspot.com.br/.

De fato, acabei de esboçar um cenário um tanto quanto pessimista e a esta altura deve haver quem já tenha se perguntado por onde anda a esperança que destinei ao título deste artigo. Sendo assim, passarei a expor porque eu quero acreditar que nós podemos ser mais dessa vez, nas Eleições 2012!

Alguma coisa mudou em nossa sociedade e continua mudando, todos nós sentimos isso, mas ainda não somos capazes de nomear esse processo nem mesmo de endereçar qual seja a sua origem exata. Mas alguns se arriscam a citar o exercício do poder que as novas tecnologias, tais como as redes sociais, têm permitido às pessoas interessadas no bem-estar social como uma dessas mudanças que estamos tateando no ar. Sem dúvida nenhuma, atualmente existem mecanismos para um controle social mais acirrado de fenômenos como a compra/venda de votos e os políticos miseráveis de que falei acima estão sujeitos a verem a sua desgraça em rede nacional através das imagens borradas de píxeis de algum celular.

Outra base para a minha esperança é o surgimento de novas lideranças políticas, uma juventude que tem exibido genuíno interesse e compromisso com a realidade social de nosso município e que vem mostrando a sua cara e voz em espaços democráticos como este blog mesmo, entre outros.

Por outro lado, também existe um fator objetivo em jogo e que tem contribuído para a estruturação mínima da dignidade no seio de muitas famílias brasileiras: o Bolsa Família. Há quem considere programas de transferência de renda uma política pública viciada, pois estaria a serviço da manutenção de interesses políticos. Eu considero exatamente o contrário. Enxergo na renda mínima que famílias pobres recebem justamente o caminho inicial para se verem livres do julgo e da influência de coronéis locais. Obviamente, estas famílias não estão, pelo simples fato de receberem benefícios do Bolsa Família, imunes à coerção da compra/venda de votos; contudo, estão um pouco menos fragilizadas, o que é certamente um consenso.

É na fragilidade, pois, que reside a oportunidade do político miserável. Ele entende de miséria, fomentando-a como mecanismo de perpetuação de si mesmo. Por fim, eu só posso afirmar que não compactuo com essa engrenagem, não vendo o meu voto, pois acredito e muito no futuro!