Se
palmarino fosse, tenho certeza que o tropicalista Caetano Veloso cantaria, à
luz dos recentes acontecimentos, a seguinte fina ironia:
"O Iraque é aqui... Bomba! Pra balançar isso aqui é
bomba! Dói, uma bombinha não dói..."
Não há
contentamento nenhum neste cantar ou em meu texto. Não advogo a favor de A ou
B, lamento apenas a radicalização do processo político em União dos Palmares
que, infelizmente, nos faz lembrar do velho coronelismo político engendrado na
“casa grande” e das ameaças que ele representa para a nossa cidade.
O gatilho
destas considerações é o áudio divulgado pela Gazeta de Alagoas que deixou bem
claro os meandros das estratégias de perpetuação do controle sobre a “galinha
dos ovos de ouro” [aos desavisados, queira ler o Governo Municipal] da parte
dos atuais donos do poder palmarino. Tais diálogos me fizeram pensar irremediavelmente
nos ensinamentos de Foucault e no seu compromisso em compreender o meio social
em que vivemos enquanto um jogo complexo em busca de poder. De fato, a palavra
de ordem é Poder, por isso, irei tratá-la neste texto, assim, no absoluto.
Obviamente,
não condeno a luta pelo Poder em si, pois se trata de algo que surge das relações
humanas, sendo uma constante histórica. O que está em discussão são os meios e
os fins que não podem mais, em tempos democráticos, serem tão maquiavélicos
quanto os que parecem ser os envolvidos no jogo político de União dos Palmares.
Em primeiro
lugar, acredito que, enquanto cidadãos, não exigimos “amores” da parte de
ninguém, muito menos de um possível futuro prefeito da cidade. Por outro lado,
não aceitamos o desprezo nem o eventual sacrifício de nos governar pura e
simplesmente em nome do Poder. Não, não quero pagar uma conta tão alta assim,
meu senhor!
O queremos
é o de sempre: saúde, educação, segurança, trabalho e cada vez mais um cuidado
atencioso para com o meio ambiente. É isso, nada mais. Não queremos seus
atentados, nem os seus favores oftalmológicos [“a gente faz um favor, um
óculos”, ouvimos no áudio citado], mas, se for possível, assuma um compromisso,
mude de lado, que o velho coronelismo político das porteiras não é capaz de nos
oferecer o que realmente necessitamos: um tecido social que nos sirva de base
para seguirmos em frente.
E para finalizar, vejamos as manchetes
que motivam este texto. Em 12 de setembro de 2011...
Escândalo: áudio revela negociação de
ex-governador para chegar a prefeitura Prefeito diz que deve assegurar interesses
e sugere uso da máquina [http://gazetaweb.globo.com/noticia.php?c=322653&e=49]
... E na madrugada do dia seguinte:
Rádio que faz oposição à Prefeitura sofre
atentado a bomba em União Dois homens explodiram o prédio nesta madrugada;
local está isolado [http://gazetaweb.globo.com/noticia.php?c=322719&e=12]
A reflexão
está posta. Ameaças travestidas de futuro nos assombram. Espero, sinceramente,
que você seja capaz de resistir ao jogo de interesses mesquinhos em curso, não
se corrompendo, nem condenando a nossa cidade ao atraso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário